Começar a empreender não é um processo fácil embora seja na grande maioria das vezes camuflado pela motivação que existe no início de quase todos os projetos. Um misto de motivação, adrenalina e medos faz-nos viver numa montanha russa de emoções. Depois de ter já iniciado quatro projetos do zero, hoje deixo-te 5 conselhos que eu gostaria que me tivessem dado quando comecei a empreender.
1. Aceita que não vais saber tudo e que quando começas é normal que assim seja
Este foi sem dúvida o maior ensinamento que eu tive ao longo do processo. Nunca fui pessoa de deixar de fazer, porque sempre senti que a tudo era demasiado curto para não avançar. Mas até para mim, com essa visão, o medo de não ser suficiente esteve sempre lá. O medo de não saber o necessário. O medo de não ter lido tudo, estudado tudo, sabido tudo. Ao longo do processo percebi que por muitos anos que tivesse ficado a preparar-me, nunca iria estar pronta. Nunca iria saber o suficiente, porque não tinha como adivinhar as dificuldades que apareceriam. Ia preparar-me para mil para no final de contas viver apenas uma.
Percebi que o melhor é avançar e ter rapidez, agilidade e persistência para aprender rapidamente pelo caminho. É preciso isto? Vou aprender. É preciso aquilo? Vou aprender. Fiz uma aprendizagem adaptada ao que o caminho me pediu e foi a única forma de ter começado e estar aqui hoje a contar a história, caso contrário, estaria ainda a tentar projetar todos os possíveis cenários e aprender possíveis resoluções.
2. Não comeces sem um plano de negócios
Fazer um plano de negócios é essencial para o sucesso de qualquer negócio. Costumo dizer que é possível (embora seja raro) ter sucesso sem planeamento, sem estratégia, sem muita coisa. Só não é possível repeti-lo porque não vamos saber que factor nos levou lá! É então essencial estruturarmos o nosso negócio, fazermos um plano financeiro e um plano de ação. Este plano que idealmente é feito por equipas especializadas e com este know-how, pode ainda assim, ser feito pelo próprio empreendedor no início do negócio. Não ter capital de investimento não é desculpa para não haver planeamento e existem já vários artigos que explicam passo a passo como fazer o próprio plano de negócio. Planejar o futuro da empresa é essencial para evitar riscos futuros, a elaboração do plano de negócio é a peça chave e indispensável neste pleneamento.
3. Identifica quais são os teus pontos fracos e ameças e começa de imediato a trabalhar nelas
Costumo comparar começar a empreender com o processo de paternidade, existe muito a aprender sobre como lidar com o bebé, mas muito também sobre como lidar com quem nós somos nesse papel. Considero por isso de extrema importância fazermos uma análise SWOT não só para a empresa para para nós enquanto pessoas e empreendedores. Esta análise das fraquezas e ameaças vão ajudar-nos a perceber quais os pontos aos quais vamos precisar de apoio e suporte, e pode até ser uma peça chave na contratação de equipa. Por outro lado conhecermos as nossas forças e oportunidades traz-nos uma consciência de capacidades que por vezes pode não existir antes de fazermos este exercício, e acredita todas as forças e oportunidades serão úteis nesta jornada, principalmente quando souberes quando e onde as utilizar.
4. Encontra o teu “núcleo” (Networking)
Começar a empreender pode ser um processo muito solitário (continuar também)! As nossas prioridades mudam, a nossa vida muda e as pessoas que nos rodeiam nem sempre percebem isso. Foram muitos os dias que me senti sozinha, que ninguém me percebia e que sentia numa bolha, como eu muitos outros empreendedores. Quando comecei a criar contactos com outros empreendedores percebi que era um factor comum e grande parte dos empreendedores sentia esta solidão. Encontrar o meu “núcleo” e criar um networking de apoio foi essencial.
5. Mantém tempo para a tua vida pessoal (saúde mental é importante!)
Por último e não menos importante, mantém tempo para ti, para a tua vida pessoal e para aquilo que realmente gostas de fazer. Aprendi (com um preço demasiado alto) que o descanso faz parte da arte do trabalho. Aprendi que sou mais produtiva e focada se me permitir parar e não exigir demais. Sou melhor empreendedora se não perder amigos por trabalhar 16 horas por dia. E o melhor para o meu negócio é eu estar bem, com clareza emocional para tomar as decisões certas e com foco para desenvolver resultados em menos tempo em vez de passar horas em bloqueios criativos ou a perder-me em emails e feeds de redes sociais enquanto tento só – acabar mais uma tarefa.
Em suma, estas 5 dicas são sem dúvida as que eu gostaria que me tivessem dado. Não são totalmente focadas na empresa, mas são focadas no equilíbrio que acredito que tem de existir para o sucesso de um negócio. Podia alongar-me mais e mais e mais a cada tópico, por isso, e se tiverem curiosidades ou questões vou fazer questão de responder a todos os comentários.
Deixem-me o vosso feedback.
Até breve,
Eduarda Vale Penha