Cristina Ferreira, que estratégia foi esta?

Sabes que este Agosto está forte na falta de conteúdo quando dás por ti a escrever um artigo sobre as cuecas da Cristina Ferreira (ou sobre a ausência delas). O que parece à partida totalmente irrelevante para o mundo do marketing, foi afinal uma estratégia muito bem montada da big boss. Ou será que não?

Admito que não sou fã de ver jogos, sejam eles do que for, mas o meu coração andou nestes dias a viver o impasse de uma final daquelas em que vão a pênaltis. 

Primeiro, dia 24 de Julho acorda uma pessoa de manhã e depois do covid e dos incêndios a notícia do dia era, “Patroa da TVI a dar tudo sem cuecas na festa de Verão”, juro que eu achei que já estava preparada para todas as notícias apocalípticas, mas isto? Nunca pensei. 

Nestas notícias tudo era mau, desde darem a entender que andar sem cuecas é “dar tudo”, até substituírem o nome “Cristina Ferreira” por “Patroa da TVI”, enfim. Sou contra, primeiro porque ir com ou sem cuecas é dar exatamente o mesmo, depois porque “patroa da tvi” é reduzir a Cristina Ferreira a uma pequena parte e acreditem, ela é muito mais do que isso.

Pronto, admito, sou fã assumida da Cristina, porém, não tenho necessariamente de concordar com tudo o que ela faz e este é um dos casos.

Vamos voltar ao relato do  jogo, para que possam perceber a minha emoção. Quando li as notícias achei ridículo, todo aquele rebaixar de uma pessoa em praça pública foi como se a equipa adversária tivesse feito uma rasteira ao jogador que ia claramente marcar um golo. Mas tudo bem, vamos a pênaltis e isto resolve-se, pensei eu. 

Vai a Tininha marcar o primeiro e eis que, depois de uma semana em que a  imprensa, disse o que quiz sobre as suas cuecas ou ausência delas, a Cristina marca um grande golo ao anunciar a sua linha invisible. E este foi o momento em que o coração dispara e até já a rasteira fez sentido! Vamos acabar com eles nos pênaltis.  

Este é o momento do êxtase, tudo isto foi planeado para fazer marketing à próxima coleção de roupa interior invisible, esta mulher é um génio do marketing, que genial meu deus foi incrível eu adorava ter acompanhado este processo. Há quanto tempo estará ela a planear tudo isto? A criar uma linha de cuecas invisíveis nada fácil de desenvolver por sinal. Todas as peças fazem sentido, utilizar a festa, o vestido, prever este burburinho e arrasar com este lançamento. Posso viver só 2 minutos na cabeça desta mulher? Espera lá! 

Ah? 

Como assim? 

Não há cuecas invisíveis? 

É só uma caixa sem cuecas? 

E foi este o momento em que o deslumbre de assistir a uma estratégia de marketing genial passou para: Então mas se calhar ela nem planeou nada, limitou-se a ver os comentários da imprensa e arranjar rapidinho uma caixa com 3 divisórias e duas cuecas. Criou o conceito invisible e lançou em pré-venda.

Será que é precisamente por não ter sido preparado que é uma pré-venda?

É possível.

O que é certo é que esgotou e o sentimento que me ficou foi que a minha equipa ganhou mas com um bocadinho de batota. 

Percebo a causa, percebo o movimento, acho que uma mulher deve ser livre de usar ou não usar cuecas e ninguém tem nada a ver com isso. Percebo todo o movimento que a Cristina, e bem, aproveitou o momento para gerar, mas… se acho que isso poderia ser feito sem ganhar dinheiro a vender cuecas que não existem? Acho! 

Claro que podemos dizer que os 19,90€ pagam os 2 pares e não os 3. Mas Cristina, se me permites a opinião, e como marketeer, o ruído que causou o, “A Patroa vende cuecas que não existem”, podia ter sido voltado para a causa do movimento se pelo menos desta vez, não tivesse negócio ao barulho.

No meio de tanto alarido, os haters continuaram a ser haters, mas pessoas que não eram, como eu, e que poderiam ser apoiantes deste movimento, deixaram de o ser quando o associaram simplesmente a um negócio, sem grande benefício para o comprador. Há momentos para passar mensagens e há momentos para fazer dinheiro, no final do dia Cristina, não percebi qual foi a tua escolha.

De qualquer forma, lá estarei na Cristina Talks para esclarecer este mistério e prometo contar-vos tudo, afinal, o mundo precisa de saber. Que raio de estratégia foi esta, que tinha tanto para dar certo mas não passou de um jogo mal ganho? 

P.S – Eu sou fã de marcas que aliam movimentos e causas aos seus produtos, mas é preciso saber fazê-lo. É preciso que o produto represente essa causa, represente esse estatuto, seja um reflexo daquilo que defende e não criado à pressa para representar uma causa por encomenda.

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